Como outras várias e várias e váááaárias mulheres, um vibrador passou a me acompanhar durante a pandemia, até então, sempre tinha resistido à ideia de ter um vibrador. Havia o tabu de pensar em entrar em uma loja e ter que falar para um completo estranho ou estranha o que eu queria, quais minhas preferências, e inclusive pedir para ver os tipos, tamanho, material, bateria... Havia também a questão financeira, sempre achei que custaria um rim, ou pelo menos uma parte significativa do meu salário, e meus dedos, bem, com o perdão do trocadilho, estavam bem ali, à mão.
A pandemia, pelo menos para mim, além de coloca-los como única companhia sexual possível, tornou os vibradores mais familiares, como em páginas das redes sociais, lives de especialistas, contos eróticos mencionando vários tipos, páginas na internet inteiramente dedicadas a eles, testemunhos maravilhosos e divertidíssimos de mulheres (iguaizinhas a mim) em suas primeiras experiências com os mais diversos vibros, dildos , sugadores , anéis , plugs e lubs... Mais ainda, a venda de vibradores por encomenda e envio por correio se especializou em ser à prova de carteiros, porteiros e vizinhos curiosos, aquela linda embalagem poderia ser um livro, um secador de cabelo, maquiagem, uma pipoqueira, um televisor, um tapetinho... Só você e quem você permitisse, saberia o conteúdo daquele tão esperado pacote.
Então, algumas amigas na mesma situação de isolamento absoluto e total penúria sexual resolvemos fazer uma troca de vibros, escolheríamos o modelo para presentar cada uma, de acordo com a personalidade, signo astrológico, preferências e históricos sexuais (que conhecíamos muito bem uma da outra). Não poderia ter erro! A não ser o fato de que o meu não chegou a ser comprado, acho que debateram tanto sobre minhas preferências, que esqueceram de finalizar a compra.
Todas as outras três receberam seus vibros e os mostraram orgulhosas, curiosas e agradecidas na chamada de vídeo no dia marcado, menos eu. Lemos as instruções juntas, ouvimos os diversos sons e vibrações que emitiam, e uma a uma foi dando alguma desculpa muito esfarrapada para desligar. Tinha algo no forno, precisava lavar o cabelo, a internet estava oscilando, todas sabíamos bem que o objetivo era testar seus novos amigos. Quanto a mim, tive que me contentar a ouvir os detalhes nos dias seguintes. Uma delas desapareceu por dois dias, confessou depois que até fingiu estar doente para não participar de reunião de trabalho e se dedicar a explorar todo o manual de instrução. Outra escreveu suscintamente que não sabia que pilhas eram tão necessárias para a humanidade, que já comprara duas caixas só por medo de seu vibrador parar de funcionar, e desligou em seguida, se dizendo muito ocupada. A terceira encomendou mais dois vibros na sequência, e eu só na vontade.
Passaram-se cinco dias de expectativa, mas recebi minha linda caixa pelo correio. Li atentamente as sugestões para perguntas curiosas e respondi que era um purificador de ar, a pilhas, flexível, de silicone, com nove vibrações.... aaaaahhhhnnnn... O nome do vibro que minhas amigas escolheram para mim era perfeito: First. Eu tinha mesmo apresentado mais resistência à ideia de um vibrador e acho que elas quiseram que eu me acostumasse aos poucos, como uma iniciante. Logo eu, tão versada e adepta das artes da siririca, mas trazer baterias para o meu entrevero íntimo sempre me deixava cabreira, e continuava pouco convencida de que era tudo aquilo que minhas amigas tinham sugerido. Tive inclusive receio de não saber usar, parecia apenas um objeto penetrante que tremia. Como isso substituiria anos e anos de prática de masturbação manual? Resolvi tomar um copo de vinho enquanto lia o manual.
Li também alguns contos eróticos, pois eles têm me excitado mais que filmes, e então me preparei para meu primeiro encontro. Deitei nua na minha cama e acionei o vibrador. Gostei daquele barulhinho, silencioso e que sugeria formas de doce pecado, testei no meu braço as diversas vibrações, inclusive com medo de serem forte demais e machucarem a pobrezinha da minha buceta, tão acostumada a meus dedos suaves, gentis e profundos conhecedores desse território de dobras, sucos e terminações nervosas muito sensuais. Dobrei os joelhos, afastei as pernas e na vibração mais levinha, comecei a passar pelos meus lábios externos.
Sem dúvida era bom, gostosinho, mas não justificava faltar ao trabalho. Mas persisti na busca. Uma amiga tinha falado de uma vibração descontínua (algo como “tu...tu...tu.... trrrrrrrrrrrrrrrrrrr”) que fazia maravilhas. Então ajustei na vibração correta e posicionei o First bem no meu clitóris. (tu...tu... tu.... trrrrrrrrrrrrrrrrrrr....) Resolvi ajudar o trabalho do meu novo parceiro e fantasiar sobre aquele boy gostoso com quem eu tinha transado pré-pandemia, imaginando que ele aparecia para uma visita, então ele me beijaria e tiraria minha roupa (Tu... tu... tu.... trrrrrrrrrrrrrrrrrrrr aaaaaaahhhhnnn...) O que era aquilo? Até deixei o vibro cair. O orgasmo não tinha vindo devagarzinho, mas explodindo de uma hora para outra. Como tinha acontecido? Estava acostumada com aquela sensação que crescia, crescia, se espalhava longa e densa pelo corpo, pela pele enquanto a gente segura a respiração, mantém o ritmo da siririca e não se mexe. Mas o danado do vibrador tinha ligado algum botão repentino...
Acionei novamente o First e já nem me preocupei em pensar em boy nenhum: éramos só ele e eu, e aquele barulhinho bom. Tu... tu...tu... trrrrrrrrrrrrrrrrrrr aaaaaaaaaaaaahhhnnnn! Dessa vez, não desperdicei o gozo por susto. Mantive a mão paradinha e só mexia meu quadril, aproximando e afastando o clitóris do vibrador. Buscava aproximar no momento “trrrrrrrrrrrrrrrr”, e afastar entre eles. Lembrei, porém, que eu podia mudar a modalidade da vibração: contínuo, mais forte, mais suave, com pausas, minha buceta estava molhada como eu não esperava e já era o barulho do vibro a me excitar. Acho que testei todas as vibrações no clitóris, e acho que experimentei pelos menos umas três ou quatro novas sensações de orgasmo:
Teve o súbito, que pareceu um choque e se espalhou da minha buceta para meus membros, quase me paralisando; teve o que veio crescendo, e cresceu tanto que virou arrepio, gemido e pernas bambas; teve o que se seguiu às pernas bambas, quando parecia que já ia terminar, o vibro sustentou bravamente, e aí virou suor, um contorcer-se sem fim, falta de ar e lençol, coxas, buceta, todos molhados...
Eventualmente tive que parar, pois minhas pernas tremiam e eu estava toda suada, mas o vibro estava ali, prontinho para a próxima. Resolvi tomar banho, tentando mudar o foco da minha atenção, mas meus olhos caíram por acidente na caixa e reli a informação “à prova d’água”. Eu precisava testar, não é mesmo?
Abri o chuveiro com a água bem morna e entrei debaixo da água que caía gostosa em minha nuca, descia por minhas costas, molhava meus seios, minha bunda, escorria entre minhas nádegas, me esquentando ainda mais. Tinha ficado tão excitada que a própria água do chuveiro, tão rotineira, tão prosaica, parecia carícias safadas em minha pele, e em meu corpo. Liguei o vibro (e aquele barulhinho já estava funcionando como um sussurro quente entre meus ouvidos) abri minhas pernas, apoiando uma contra a parede fria de azulejos, ainda mais fria porque eu era toda tesão e calor.
Encostei o First no meu umbigo e fui descendo vagarosamente por meus pêlos, pela abertura da minha buceta. Passei com diferentes pressões por toda ela, lábios externos, internos, clitóris, me demorando mais na entrada da vagina. Ainda não havia experimentado a penetração daquele vibro tão macio e flexível, e se inicialmente eu havia tido medo, agora eu era toda excitação e curiosidade. Eu estava muito molhada, toda umedecida de tanto gozo, e o vibro deslizou com facilidade para dentro de mim, tremendo docente. Enfiei-o todo na minha buceta, que parecia não estar acreditando naquela visita, pulsava e se umedecia mais ainda. Levantei ainda mais minha perna e experimentei entrar e sair com o vibrador.
Que delícia a sensação dele abrir as paredes da minha buceta, que maravilha o leve tremor com que ele me abria e me penetrava. Fiquei indo e vindo, para dentro e para fora, para dentro.... e... para... fora... primeiro lentamente, apreciando ao máximo o prazer suave do seu toque nas paredes da minha vagina. Mas queria mais e passei a entrar e sair com pressa e força. O vibro acompanhava a curvatura da minha vagina, entrava e se dirigia para a parte anterior da minha parede, buscando com afinco meu ponto G. E eu sentia tudo e mais e mais... Não conseguia mais ficar em pé, e me sentei sob a água, pernas dobradas e bem abertas, joelhos quase tocando meu queixo. Via o vibro entrando e saindo de mim, sendo engolido pela minha buceta que, nesse momento, era só fome, calor e pressa.
Ele ia fundo, tão fundo quanto eu queria e enfiasse. Sem parar de mexer minha mão, fechei os olhos e joguei minha cabeça para trás, deixando que a água do chuveiro também caísse diretamente sobre minha mão e minha buceta gulosa. Minhas pernas eram um louco frisson, minha barriga parecia gelada, meus mamilos pulavam e eu gozei muito forte. Ainda mantive o vibro dentro de mim por um tempo, vibrando suave, e quanto o tirei, estava coberto dos meus melhores sucos. Se pensei em desliga-lo, foi por frações de segundo, apenas segui da minha vagina para meu clitóris e lá estacionei meu novo grande amigo. Talvez porque o orgasmo ainda estava passeando por minha corrente sanguínea, levando endorfina para casa célula minha; ou porque nós pessoas com vagina temos a sorte e a benção de um número ilimitado de gozos, fui atravessada por mais um orgasmo que fez as veias da minha cabeça pulsarem, meu coração disparar, minha boca ficar seca.
Pensei que era bom estar sentada, pois não sei se minhas pernas aguentariam mais um orgasmo, com essa força, pois eles foram escalando em duração e intensidade! Podia ser a familiaridade que eu já estava adquirindo com meu novo brinquedo, mas parecia também que ele deixara meu clitóris, minha buceta, cada terminação nervosa minha, cada célula, meu corpo todo, mais sensível àquela vibração e aquele discreto barulhinho bom. De toda forma, o fato é que, ao final daquela sessão, eu estava quase deitada no box do banheiro, satisfeita e muito bem impressionada, deixando o vibro tremer sobre minha barriga, com a água ainda me acariciando gentil, enquanto eu me recuperava.
Lavei, então delicadamente meu novo amigo, sequei-o, antes mesmo de me enxugar. Botei uma camiseta macia e dispensei a calcinha, pois imaginei que já tinha programa certo para a hora que acordasse. Lembrei ainda de escrever para minhas amigas: digitei apenas “agradecida” sete vezes, certa de que elas entenderiam que aquela quantidade correspondia às vezes que tinha ido ao céu naquela noite. Mandei ainda uma fotinho do vibro ao lado de meu travesseiro. Não sei quanto a ele, mas eu mal esperava para acordar e testar novas vibrações...
Texto por: Lana Rossa
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