Ano passado, eu ainda estava na faculdade e, por ser o meu último ano, não estava com cabeça para pensar em relacionamentos. Minhas preocupações giravam em torno de entregar uma monografia que me garantisse uma nota suficiente para passar e encontrar um novo estágio com possibilidade de efetivação, que me permitisse sair daquele escritório onde todos os dias precisava fazer cara de paisagem para piadas machistas de um chefe escroto e dos puxa-sacos que fingiam se divertir com a falta de inteligência dele.
Numa sexta-feira, quando todos já haviam saído para o “happy hour”, eu estava fechando o escritório e passei em frente à sala do Roberto. Ele ainda estava lá, e me pediu para entrar para conversarmos rapidamente. Tentei inventar uma desculpa para ir embora, mas ele não me deu oportunidade e começou a falar enquanto eu ainda estava parada em frente à porta.
Ele foi direto. Disse que percebia que eu não gostava dele, mas por se tratar de um ambiente profissional, essa não era uma premissa para desempenhar um bom trabalho e, dentre todos os estagiários, ele havia me escolhido para ser efetivada. Porém, isso não aconteceria naquele momento porque os demais poderiam deixar o escritório para buscar outra oportunidade e isso comprometeria o andamento de um processo importante para a expansão da empresa.
Parei um pouco para organizar meus pensamentos, e achei um absurdo ele já saber quem seria efetivado e mesmo assim manter todos brigando por uma vaga que não conseguiriam. Depois pensei que seria uma boa lição pra quem achou que bajulação poderia garantir qualquer coisa. Mas por fim, percebi que ele poderia estar tentando me induzir a mostrar alguma afeição por ele como forma de gratidão ou até para impedir que ele mudasse de ideia.
“Sou sapatão!” – Pensei em falar desse jeito mesmo, na lata, pra fazer ele cair na real de quais eram as chances de ele levar o assédio mais adiante, mas fui interrompida:
– Ro, você demora? – Que voz gostosa veio por trás de mim. Me virei hipnotizada e dei de cara com aquela boca. Foi impossível não imaginar aqueles lábios carnudos borrando de batom... os meus lábios... todos eles. Ela me olhou nos olhos e sorriu.
– Carol, essa é a Fabiana, a funcionária sobre a qual conversamos – ele nos apresentou – Fabi, essa é minha noiva – odiava quando ele me chamava assim, nunca dei abertura pra intimidade. Mas naquele momento, só conseguia me concentrar no cheiro que vinha dela. Não era perfume, era um cheiro muito particular, era o cheiro dela.
– Nós vamos comer alguma coisa no restaurante aqui embaixo, para esperar o trânsito passar. Você quer ir jantar com a gente?
– Gata, não posso sair ainda, preciso enviar uns e-mails. Se a Fabi não puder ir com você, você pode me esperar na recepção.
“Gata? Você pode me esperar?” – Cheguei a pensar como uma pessoa tão desprezível pode ter tanta autoconfiança para tratar assim uma mulher como aquela. Pode parecer besteira, mas a expressão dela revelou a decepção com aquela resposta.
– Eu ia pra casa comer miojo mesmo, então posso te fazer companhia numa boa, Carol.
Ela me encarou e andou em direção à porta, sem se despedir dele.
– Você está com muita fome? Porque eu não estou, mas uma cerveja gelada cairia muito bem hoje, para encerrar essa semana.
Ela acenou positivamente em silêncio e encostou a cabeça na parede de aço gelada do elevador.
– Eu poderia beber a noite toda – ela revelou.
– Semana difícil?
Silêncio.
– Você e o Roberto são próximos?
– Não. Na verdade, não gosto dele. Ela fixou os olhos em mim por alguns instantes. Parecia estar me analisando.
– Interessante. Então ele é bem mais maduro do que eu imaginei. Promover uma funcionária que declaradamente não gosta dele.
– Pode parecer absurdo, mas ele já tem muitos fãs no escritório.
Ela riu.
– Não me leve a mal, o Roberto é um profissional competente. Mas ele gosta de se cercar de bajuladores, o que na minha opinião, é arriscado porque você pode perder a noção.
– Gostei de você. Você é bem direta. Queria ter te conhecido antes.
– Como assim antes?
– A gente está passando por um momento complicado. Ele teve um caso com alguém do escritório e eu descobri.
– Do escritório? Espera aí, você não vai querer que eu...
– De jeito nenhum, pode ficar tranquila – ela me interrompeu e continuou – Não vou fazer de você minha espiã. Mas seria bom ter uma amiga com quem conversar.
Continuei olhando para aquela mulher linda diante de mim, encarando sua fragilidade. Assumindo a responsabilidade pela traição do parceiro. “Mas que porra é essa? O cara te trai e a culpa é sua? Porque você trabalha demais? Porque você não pôde estar presente no aniversário do ‘brother’ dele naquele bar ‘topzera’ enquanto se dedicava à sua carreira?” – eu pensava enquanto tentava esconder minha indignação com a história que ela desenrolava.
Chegamos ao bar, nos sentamos numa mesa na calçada e depois de dois litrões, já éramos melhores amigas. Confesso que temi que aquela noite começasse como uma música do Reginaldo Rossi, com ela chorando por ele na mesa, e terminasse como “O Exorcista”, com ela colocando o porre pra fora e eu segurando seus cabelos. Mas foi o contrário.
– Alex, manda duas tequilas com limão e sal.
Aquela mulher magoada deu espaço pra uma deusa, segura, determinada. Eu estava absolutamente envolvida por aquela risada, aquela boca larga que gargalhava com os detalhes do cotidiano do escritório, onde os estagiários buscavam desesperados a aprovação de um chefe, que por sua vez ansiava pelo reconhecimento dos diretores.
Falamos sobre tudo, até sobre as minhas decepções amorosas. E sobre as dela. E sobre a decisão de insistir num relacionamento que havia chegado no limite do desrespeito.
– Carol, me desculpa pela invasão, mas porque levar adiante um relacionamento com uma pessoa que te traiu. Tudo bem você ter focado os últimos dois anos nessa vaga de trainee, mas quando vocês tiverem filhos, e seu foco estiver inteiro na criança, ele vai te trair também? Eu entendo se você me disser que o ama, mas...
– Eu não o amo – Ela me interrompeu, categórica – percebi que eu sou capaz de chegar muito além dele. Pensei muito sobre isso, e percebi que estou construindo uma carreira baseada no meu potencial, e não em agradar meus chefes, e isso fez minha admiração por ele morrer. Não me entenda mal, ele é um cara legal, ou já foi, mas eu já não o admirava profissionalmente, então veio a traição e eu percebi que já não o admirava como pessoa.
– Então porque você estava... – eu estava perplexa.
– Triste? – Ela falou enquanto acendia um cigarro – eu estava apenas concentrada. Vim até aqui decidida a descobrir quem era a outra. Mas conheci você. E do mesmo jeito que pensei que poderia ser você, e depois vi quão maravilhosa você é, pensei melhor sobre como a outra é uma mulher como nós, mas foi usada por um macho escroto. Então decidi que vou desmascará-lo no casamento.
– Hum... vai revelar a todos quem ele é durante uma festa.
– Vou me dar um motivo pra comemorar.
– Acho um exagero – ela me olhou com raiva, mas permaneceu em silêncio, curiosa, e eu continuei – Isso só vai fazer sua família e amigos sofrerem o seu constrangimento, e é você quem vai constrangê-los. E quando acabar, você não vai se sentir bem, porque ele é um escroto, mas você não é.
– Fabiana – ela deu um trago e me olhou com os olhos marejados – Sou escorpiana e preciso me vingar para virar essa página. O que você sugere?
Eu levantei, estendi a mão para ela e indiquei com um gesto de cabeça para irmos para dentro do bar. Ela deixou o cigarro aceso no cinzeiro, segurou a minha mão e se levantou.
A porta do banheiro não tinha tranca, mas o reservado era muito pequeno para aquela mulher toda. Encostei ela na bancada da pia enquanto nos beijávamos. Nosso beijo era molhado e quente. Sua língua e lábios eram muito macios e, apesar de ser forte, ela tinha uma delicadeza difícil de entender.
Ela se deitou sobre a bancada, olhando para o espelho ao lado dela, e abriu as pernas pra mim. Sua calcinha estava encharcada, fiquei com a boca cheia d’água. Me aproximei devagar e assoprei de leve sua virilha, seus grandes lábios, antes de começar a beijá-la. Quando encostei de leve minha boca naquela boceta linda, senti seu corpo inteiro tremendo de leve. Ela escorria e eu estava doida pra matar minha sede.
Abri aquela bocetona e caí de boca. O grelo dela estava tenso e quanto mais eu esfregava a língua nele, mais ela se contorcia, se controlando pra não gemer muito alto. Enfiei uma mão por dentro da blusa e segurei seu peito, senti ele todo e depois apertei de levinho aquele biquinho gostoso. Depois enfiei um dedo devagarinho naquela boceta gostosa enquanto chupava um lábio e depois o outro.
Me levantei e mudei a posição da minha mão. Queria olhar nos olhos dela enquanto enfiava dois dedos. Tenho uma técnica bastante eficiente pra fazer uma mulher gozar. Fiquei parada de pé ao lado dela, que continuava deitada na bancada. Enfiei os dedos anelar e médio e, ao mesmo tempo em que a penetrava com eles, massageava o clitóris para frente e para trás com a palma da mão. Comecei a beijar seus peitos, seu colo, subindo pelo seu pescoço até a orelha, acelerando aos pouquinhos os movimentos da minha mão na boceta dela, até sentir ela gozar.
Sua boceta ficou muito mais molhada de repente, por dentro ela se contraía em pequenos espasmos, seu corpo todo se envergou sobre a bancada e seus olhos fechados tremiam rapidamente. Então, após alguns instantes se contorcendo, ela segurou forte no meu braço, e eu fui parando devagarinho os movimentos com minha mão, e os beijos.
Ela estava totalmente entregue. Dei a ela mais alguns minutos, e fiquei olhando pra ela enquanto se levantava. Ela sorria com o rosto todo. Com o corpo todo.
Ficamos abraçadas por um tempinho, encostadas de pé naquela bancada de granito. Nos olhamos nos olhos e sorrimos. Depois prendi o cabelo e abaixei para lavar o rosto. Adoro o gosto de boceta que fica na minha boca depois do sexo, mas com aquela cara suada, não dava pra sair do banheiro e esfregar nossa satisfação na cara de todos.
Enquanto lavava o rosto, senti as mãos delicadas dela subindo por entre minhas coxas. Ela encostou por trás de mim enquanto passava a mão pela minha boceta até a minha bunda. Nos olhamos nos olhos de novo, agora através do espelho. Ela levantou minha perna esquerda me fazendo apoiar o joelho sobre a bancada, se abaixou e começou a lamber minha bunda, meu cú, minha boceta. Ela se sentou no chão e meteu a boca, abriu meus lábios com a língua, lambeu meu clitóris com gosto, e enfiou um dedinho de leve na minha boceta, deixou ele bem molhado e então enfiou o dedo no meu cú, enquanto chupava meu grelo. Que delícia. Aquela mulher era uma força da natureza.
Àquela altura, eu já estava tão louca de tesão, que já estava quase gozando. Foi quando a porta abriu de repente!
Com o susto eu gozei e molhei a cara dela, enquanto olhava para a cara daquela mulher parada na porta, chocada. Com a porta aberta, acredito que o bar inteiro ouviu enquanto eu urrava de tesão. Foram alguns instantes. Depois a mulher se virou e saiu constrangida. Minhas pernas amoleceram e me esforcei para me apoiar na pia.
Ela levantou. Lavou o rosto. Olhou pra mim e disse:
– Você foi rápida. Por mim te chupava mais um tempo, mas fiquei com medo que você caísse – e riu.
Me recompus e seguimos para o caixa.
Pagamos a conta, ela me deu uma carona e me deixou em casa, mas não quis subir. Disse que amou aquela noite, mas precisava pensar em tudo o que conversamos.
Na segunda-feira, quando cheguei no escritório, fui ler meus e-mails e vi um e-mail dela. Quando abri, parecia uma corrente porque a lista de destinatários era imensa. Percebi que ela havia me enviado em cópia oculta.
Naquele e-mail ela estava explicando a todos porque o casamento seria cancelado.
“FODEU” – pensei.
Na mensagem ela explicou que descobriu a traição, que ele admitiu ter sido um caso que durou alguns meses, que convenientemente acabou quando ela descobriu. Que diante da decisão dela, ele ameaçou dizer a todos como ela o havia abandonado antes, e todo aquele lenga-lenga de macho carente para tentar justificar o injustificável. E por isso, era importante para ela deixar a verdade clara para todos. Ela agradeceu todos os amigos queridos que conheceu através dessa relação, que pretendia mantê-los em sua vida.
Avisou que devolveria os presentes que já haviam sido entregues, que a cerimônia e a festa seriam canceladas no decorrer daquela semana.
Sobre a viagem de lua de mel ela explicou que havia remarcado para ir com uma amiga em outra data, que não seria revelada por razões óbvias. Mas quando retornasse ela entraria em contato novamente com todos.
E foi assim, que conheci a força de uma mulher maravilhosa, que se tornou uma grande amiga, e com a qual dividi bons momentos numa viagem que fizemos juntas depois que entreguei minha monografia.
Texto por: Isabel Loffá
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